sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

NÃO ESTARIA AQUI ESSE LIVRO SE AOS DEZESSEIS A HISTÓRIA FOSSE OUTRA

o Tio deve de ter morrido numa dessas noites de inverno rigoroso

um artista

foi encontrado portanto apenas uma manta ( x ), seu violão ( x )

fazia concertos de sapatos tênis bolsas como ninguém, compunha seu ofício

um artista

portanto apenas uma manta ( x ), seu violão ( x )

pneumonia – constou no laudo interno de uma clínica longe de todos, em uma estrada próxima, mas muito próxima a campos do jordão

um artista – compôs seus filhos e filhas para os festivais

próximo a campos do jordão


uma manta ( x ), seu violão ( x )

o Tio

encontrado numa dessas noites de inverno 

- PAI.!
- PAI.!
- PAI.! – as três da madrugada

- que foi? que foi

certa noite o Tio chamou no interfone

- pode subir

pediu asilo, ficou, um homem triste, um homem cheirando a pinga, chorou, cantou, as três da madrugada. um homem rouco, uma forte tosse num corpo cansado

- rubinho.!, ei.!, rubinho, pode gritar aqui não. assustou o menino – entregou ao cunhado uma manta
- desculpa, desculpa – chorando 

e se eu quiser falar com deus.!? ” – cantou essa dor e agradeceu o copo de leite pela manhã

o homem negro pode ser encontrado numa dessas noites de inverno. portando apenas uma manta ( x ), seu violão ( x ), um cão

a família descia à praia durante o verão, a família prefere dias quentes, como o verão

terça-feira, 29 de agosto de 2017

ORGANICIDADE NÃO TEM FIM. POR ISSO AINDA HÁ VIDA

agora ... ao lixo com suas plasticsidade.   

- tá descendo!

social.

a cara de quem entra no elevador, é um corredor claustrofóbico, quase parando. é muito pro coração. ficam sem saber onde enfiar o espanto.  

e são tantos espelhos. como não enxergar o próprio projeto urbano.? a verticalização deve de ter esquecido de dizer no briefing: as vistas não alcançarão assim tanta distância, como farão para ver as diferenças.?

ou serviço.

não importa o quanto de educação esteja convencionado no texto, a fala entrega que não seja somente sobre o tempo.

- nossa!, como esfriou ... é melhor subir o zíper desse agasalho, vestir um gorro nesse cabelo.

“ antes de entrar no elevador ” - , verifique

as plaquinhas fixadas não servem ao enfeite. vocês atentem a dos elevadores e repensem o motivo das outras pregadas ao longo das paredes postas frente a frente ao externo.

atenção você aí, fora.!    

a cidade faliu junto de suas regras cheias de propriedades.

perguntem-se: quanto tempo aguenta um prego, uma ata, memorando, boleto, o paletó de tecido preto quente ao sol e, guarda a chuva.? será mesmo.?   

- bom dia 
.

as assembleias seguem priorizando serviços aos condôminos.? ao condomínio.? a mais outra política de cidade limpa.? linda.? para garantir serviço ao pintor.? ao fabricante de tintas.? ao novo empreendedor que fornece trabalhadores a custo de terceirizados.?

políticas velhas em novas roupagens.

- boa noite
.

- baixar é o mínimo.
- mas isso é um absurdo
- não faria sentido

aos vidros escuros como demandam consumidores. de fabrica

- é mais seguro
- é mesmo


fechados. 

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

CADA MELANCOLIA UM RETRATO

Como em todo começo, estávamos juntos. Acontece que já apontava os fins do verão daquele ano. Já corriam as primeiras semanas das jornadas de trabalho.

Já estávamos cansados.

Nesse dia, às cinco, nos encontramos depois de semanas em que você esteve fora, de férias. Nos beijamos tanto. Logo tiramos os calçados e eu tirei suas calças. Comecei a lamber. Lamber. Lamber. Chupar. Parei.

Pensei que deveria ser dito, não dissemos, precisamos conversar. Pois quase nunca conversamos. Contudo ficamos mudos. Fingimos que não fosse nada. Então, eu ali fiquei ao seu lado. Não mais te toquei. Você seguiu. Você me segurou o pulso direito com a mão esquerda, me olhou enquanto se tocava como que dizendo, nem pense sair daí. Fiquei apenas olhando. Você fez, com a mão direita, tudo muito rápido.

- Quero um banho. Me dá uma toalha.

Levantei. Fui até o armário.

- Aqui.

Não tomamos banho juntos. Não nos falamos enquanto comíamos algo.

- Quero ir embora.
- Vamos.

Depois, a volta, é sempre horrível. A casa fica vazia. A cama fica para arrumar. E nosso cheiro fica nos lençóis, nos travesseiros.

“ Chegou? ”

“ Acabei de chegar ”

“ Blz. Boa noite ”

“ Beijo ”

Já era noite. Mas não noite suficiente para meu sono. Eu nem mesmo conseguiria me deitar.

Me enrolei no sofá. Fiquei um tempo. Segui vendo fotos pelo celular. Levantei. Fui até o banheiro. Tirei a roupa. Voltei no quarto, enchi a mão com creme. Sua imagem deitada na cama, aquela velocidade clamando pelo gozo. Gozei.

Depois eu me deitei. Depois eu dormi. Depois amanheceu.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Eu quando comecei o livro havia sido só o começo.

sobre as significâncias perante fatos cotidianos que cobrem as narrativas que seguem

Escrevo o jeito que me dá vontade de te ver

me liga.!
não. ana rosa. na saída. perto daquela loja de sapatos.
ok!.

NÃO INTERESSA ESCREVER NADA QUE NÃO SEJA SOBRE NÓS

Em noites de sextas-feiras segue aguardando ... a programação segue passando cidades maravilhosas
cidades maravilhosas, cidades maravilhosas

sim.! Imagino tu que estejas bem

São muitas as horas passando em que resta lembrar: não adoecer. procura lembrar lembranças boas anos antes de quando não se sabia da depressão

alguém que ajude suportar tudo isso
o bem próprio não significa necessariamente o bem de onde o outro interessa estar  
por isso.
o que? que vai ser?

o Escritor, criando só, opta não utilizar do hífen antes das falas. são somente, por ele, pensadas e escritas. pouco tem sido, para não dizer: não mais existem, o diálogo entre as personagens.

perco cada vez mais por menos saber qual caminho encontrar você – atrever ao envio de mensagens torna-se diminuto

sem certezas quanto ao dia, a data, especificações que situem o presente motivo. Talvez, e, é muito provável que seja, tempos antes do dia em que as personagens travaram os primeiros contatos. por isso. de tempo em tempo retorna a mil novecentos e oitenta e nove. Procura encontrar no caminho qual seria a rota favorável à história

a história, a história ... a história, a história ... a história, a história ... que não seja somente sobre o começo


seja.! um novo start que não o primeiro. ou, que seja esse. mas que, enfim, esperamos todos pela continuidade

terça-feira, 4 de julho de 2017

O SER VI - O - LEN – TO É ...

a partir da leitura de quem?, veja

o tanto de carro um forno à cidade quando somente asfaltos dificultam a capacidade em respirar. dos trânsitos articulações judiadas de um acumulo diário. É possível ver o rosto brilhando o azul intenso de tantos aparelhos fazem brilhar os olhos de quem está fora.

Não ter sido incluído, admitido ... quem se importa?  

Normalmente quem dirige o caminho deveria ... o que mais queremos é conseguir dirigir. Nem sempre sou o motorista. Então são várias as histórias.

- Te amo viu?

Na verdade, ouvi. quando sentado no passageiro. Eu queria não ter sido fraco. Não ter nos perdido. Ter todo caminho de que gostaríamos. Mas não são somente as nossas histórias. Embarcamos em viagens quando nos desejam alguns convites. Das tantas histórias, a grande maioria parece serem as mesmas, pois, poucas ganham notoriedade. Então repetem o quase sempre ficam sendo duas as possibilidades. Transmitem do mais alto ao mais baixo, lucram com isso. publicidade nesse dicionário é aquele ou aquilo que mais atrai público. que é o que ... não importa mais

Pois
há diferenças. Nem todo amor é o mesmo. apesar das palavras, te amo, sim.! por favor, esteja a disposição, sem compromissos, para entender.

Me comprometi com a escrita quando disse nunca ter sido brincadeira. vou escrever.

- Também te amo – acredito ter ouvido.
- Não vivemos somente de verdades – eu disse logo em seguida. antes que mais algo pudesse ser dito. precisei me intrometer. Tirei a atenção do ocupante ao telefone.
- O que?
- Existem mentiras para o bem ou, não existem. acontece que, nós sabemos, as verdades dão muito mais trabalho. 

segunda-feira, 5 de junho de 2017

NÃO ESTAMOS

- não estão
- e passa pela sua cabeça? o que?
- supôs-se a vida homogênea
- não sei que isso significa
- pois é a conta

a conversação é enorme então ... é um prazer incrível

RECORTES DIZEM MUITO, MAS nem todos leem O TODO ESTÁ NO TUDO E NÃO TEMOS CERTEZA DO INÍCIO E QUANDO SERÁ O FIM

particularmente será um esperar de experiências incríveis para escrever a cidade, sem saber se vai acontecer
não saber contar os sentimentos é egoísta

- perdão.!

limitados espaços geográficos, amarrados por ações político psico financeiras em terras usurpadas

um caminho deixa-lhes medo a solitária

- qual melhor oferecemos todo mês?
- ah! faça-me o favor!

sábado, 3 de junho de 2017

MEÇA SEUS PRIVILÉGIOS ANTES DE VIR

- essa poética é o problema! do querer contar tudo, querer ter – que dizer?

dois sonha ser escritor

- mesmo que fique, o que?
  bonito

um diz não crer, com razão

- esse valor que se atribui a beleza, céus.!
 
- rasos vasos, não cabem o mundo


- cheio! – um diz
- sim, uma encheção – dois atenta e concorda


dois ainda deseja escrever. um faz cena, contando

“ ah!, mas, e eu? num participo? ” – alguém que sempre insiste

daria uma coluna, diz um

" questões médias – as merdas diárias que se encontra por aí "

e dois, adivinhem? em meio a própria porcaria, sempre um trampolim

são questões e mais questões, questões, questões, questões

- merda! de que jeito termino isso aqui? 

quarta-feira, 24 de maio de 2017

JÁ É UMA DESPEDIDA CADA RUA, QUARTEIRÃO QUE PASSO DA CIDADE – SUAS IDEIAS NÃO ME CABEM

Me incomoda o cerco policial na Brasil. pra quem tem pouco, todas as coisas estão cheias de valor. E deste ponto início a volta quase cotidiana Pinheiros – Jabaquara. É difícil receber visita presses lados. 

- Vem! Te pego no metrô.

São Paulo é grande pra caramba, Bicho! Quem de fato cola nas quebradas? Zona Sul não é só, na real, nem é, é muito mais que Parque do Ibirapuera. Depois das dez da noite, só mais dez minutinhos e eu estou em ... retorno, Viaduto Washington Luis, segunda quadra a direita, Dória, 171 ... casa!. E aqui é somente uma das entradas. Haja chão. Onde moro tem elevador. E se estive num

- Bom dia! – cedo, na saída

Na entrada, me agrada encontrar um ou outro vizinho, saber quem é quem, ajudar a carregar umas sacolas. Amo São Paulo. que me irrita? são os Paulistas, mew.! a casa-apartamento é linda. Temos livros – cabem mais –, uma parede de lousa, um pato-desenho parece que late no corredor. Eu trouxe verde para o décimo quinto andar. algo entorno dos quarenta metros quadrados. Tenho planos de seguir para o interior. mesmo! que seja sem todas essas coisas da cidade que finge dormir. pois quem está comigo necessita descanso. ser mais que quatro cômodos: sala-cozinha-americana, área de serviço e varanda; dois dormitórios; um banheiro. que preguiça. Hoje nem vou fazer janta. Talvez escove os dentes. porta a porta com o banheiro, trouxe da minha mãe, deixei no primeiro quarto, minha cama de solteiro. No outro, no segundo, uma cama de Casal, mas nem tudo veio. Já são três os anos que moro sozinho. Contudo a cada dia nunca mais seremos os mesmos.

- ainda bem! 

quarta-feira, 17 de maio de 2017

E pra piorar, É NOS PRETOS QUE ELES QUEREM MANDAR A CONTA


- NÃO vai acontecer
- Eu sei. eu sei. não foi isso que quis ...

“ sério? ainda está falando? insiste em ...?  ”

- dizer
- CHEGA!
- Mas isso é uma falta de educação

- NÃO TEMOS QUE TE PEDIR PERDÃO

“ não tô acreditando que vocês ainda fazem isso ser ... ”

- NÃO SERÁ POSSÍVEL. quem aqui tem de pedir perdão é você, você, você, você, você, você, você, você, você, vo ... cê!

Estalo, estalo, estalo, estalo, estalo, estalo, estalo

- Não entenderam!?

Estalo!

- Não vou segurar porta pra ninguém!

silêncio.

- somos iguais porra nenhuma! não fecho com a ladainha de vocês. com licença – a eles eu peço –, ALÁFIA, posso cita-los?

“ são paulo é solo preto
   se eu contar os gueto
   num sobra nem o centro ”

a porta está tremendo, Então

“ Liga nas de cem

  o pior do ruim
  dórialckmin
  não encosta em mim, playboy
  eu sei que tu quer o meu ... ”

fim.

terça-feira, 16 de maio de 2017

É diário

“ Eee!, Depressão, não paga as contas, mas cê tem sido verdadeira, viu! É. nunca me abandona. ”

- Sai daqui!, inferno

É um ctrl + cctrl + v dos momentos que construo? ou que ... estou por aí

- Em que mundo você vive?, Pós-modernidade
...
- Então

Me banhei e me sequei com sua toalha pendurada a dias no varal ao sol.! fumei e beberiquei um whisky. aproveitei pôr fim aquele capítulo

Dormi.


a novidade, além de esperar, agora tenho também esses vícios.

quarta-feira, 10 de maio de 2017

DE COMO MATEI MARCELA CAJU

ANTES QUE COMECEM OS JULGAMENTOS – ATENTEM, NINGUÉM ESTÁ BEM


Tenho um feed inteiro de notificações não lidas. culpem o tempo que me resta

- ... não foi encontrado ...

No mundo moderno ... ainda gosta de algumas, sim, outras, não, programações da rádio. Está pronto para partir.

- Estranho

Parece ter esquecido. Talvez tenha mesmo esquecido

- Saco!

algo como: carteira, celular, chaves, a pasta ou, água?

- “ sim!, Marcela

Faz um tempo fora de época. somente o trânsito é o mesmo.

- , minha filha ”

Estaria à cidade somente por conta do trabalho
cidade
trabalho
cidade
trabalho
cidade

- “ Caju?
- É. de Cajuína. filha minha ”

Espera-se um pouco mais

- Marcela, marcela ...

que possa a cidade oferecer. Pausa.

- , marcela!

Regresso.

- Marcela?
- Esteve ontem depois de sua partida. chovia muito. vai ver foi isso. ofereci um carro. disse 

- Tudo bem. não precisa. me viro.   

segunda-feira, 10 de abril de 2017

NÃO DORMEM NO ESCURO

ATENÇÃO

Por motivos de registro NÃO DORMEM NO ESCURO veio parar no blog. Leiam sem moderação. Mas, sugiro a leitura do conteúdo em material impresso. 

Atenciosamente. 
Edu. Filho.  



Os meninos sempre foram os meninos antes de qualquer sala. Não obedecem a qualquer espaço. 

- Atenção! Todos aí?
...

- Vai
- Texto
- Texto
- É isso mesmo?
- É.
- Não está do jeito certo.
- O certo nunca nos passou a bola.
- É?
- Texto!

NÃO DORMEM NO ESCURO

Nós quando crianças – cada um com seus brinquedos, suas pelúcias e bonecos –,

- Vocês não me mexam em nada, ouviram bem?!

Mas a gente cresce e, ...

Pois bem,

Está acontecendo

Em são paulo                        são paulo                    são paulo – TODA UMA VIDA –, apesar disso, não ser paulista

Não ser para quem e, veja, não ser para aprovação de vocês

Ser

para!

o que!?...  

meu deus!

que quiserem,

que zona, que bagunça, que mimimi.

falem mesmo

(falta texto),

- Resolve isso
- Continua, continua.

falam

Que as palavras saltem da boca e reverberem.

- Não é lindo?

Nem os braços, nem as pernas
fora do lugar

- Vocês não têm medo?

Somente quando
No berço,

- Buuuu!

LUZ!

- São uns medrosos que só vendo. – dizia a Mãe!, nos proteja!, dos absurdos, deles!

Faltam lembranças da mãe e os meninos no colo. Não encontram na memória fotografias. Esse resgate, vocês atentem bem. 

- Era eu descer as escadas e eles começavam a chorar – sozinhos?. Era uma coisa! Eu cheia de coisas para fazer.

- Nasceram tudo sarará.

Dizia o vô e ria dos meninos. Tranquilo, engraçado, como quem sabe o motivo de cada neto vivo. E ele soube.  

- Estão lendo o que, meus netos?
- ...

Ele deixou a sala de estar. Ele se postou à varanda fez suas preces e orações. Ele soube até que ponto estaríamos seguros.

Foram poucas as palavras com o velho. Com o pai? Deixa ver, alguns gestos. Ele, o pai, movimentava as mãos com o cigarro, levava à boca, tirava e logo depois de soltar a fumaça, sorria. Também com o copo, um gole seguido de outro gole e novamente, outro sorriso. Tinha os dentes de um branco marfim.

Em sessenta e quatro o pai entrou ____________ da _____. Tem notícias nos jornais. Foi com a sabedoria que a mãe guardou. Foi com a mesma sabedoria que nunca entregou seus filhos.  

- Está com ________ aqui na rua, viram!?

Não tinham se ligado que eram NEGROS até o dia em que a MÃE ligou.

Eles viram.

Um carro passou. Uma _______. E, que mal há nisso?, dizem, que há de mais!?. É bom. É preciso. Essa?, parou.

- Todo mundo pro chão!

...

- Tão fazendo o que aqui?

- Só estamos conversando.

- O que!?

- Só estamos conversando.

- Não, não!. Tá errado. É assim: só estamos conversando, ______!, vamos!, repitam.

- Só estamos conversando, ______!.

Sem questionar. Pois assim, quem sabe?, não lhes deixam logo em ___! Haja paciência.

- Porra nenhuma de conversando! Cadê a ______!?, Ein!?, cadê!?, cadê!?

No alto de um prédio.

- Acorda, acorda.

- Que é!?, que é!?

- Olha ali, ó!

Um Toyota Hilux 2013 e quatro homens ________ de prontidão com as mãos nos __________. 

- Merda!, apaga a luz, apaga!

- Mas a gente tem de fazer alguma coisa!

Fecham os olhos, tapam os ouvidos.

- Quero documento de todo mundo! Quero ver quem aqui é cidadão de bem! Acabou a bagunça.

Identificação e documentos –, antes fosse somente isso. No relógio eram dez da noite, uma sexta-feira –, dez!. Assim que baixam as portas do comércio, tem fim o glamour da via, qualquer movimento é suspeito.

a rua não é lugar pra vocês. ”.

E é?! Pra quem?

Alguns poucos trabalhadores ainda aguardam o ônibus não passa de cinco em cinco minutos, passam carros – é morador.

E os meninos de blusão, cor azul, de capuz da cor que é a mesma ..., que isso importa?

- Sen___! –, antes fosse prece, pedido a Deus –, portamos livros carregados em todo lugar. Livros!. Somente livros. Não queremos confusão. Por favor!, não confundam os livros com objetos ________, ou __________ pesados que colocam _____ a vida, de uso exclusivo do ________. Nós nos queremos vivos!

Uma das _____ volta para o ______ e um dos ________ se aproxima. Os outros mantem-se prontos com as ________ apontadas em nossa direção.

- Segura – ele diz e entrega um dos livros caído no chão.
- Seguro.

Não creio.

- Mão na ______ todo mundo.

Revista: bolso, cintura, axilas, “ porra! ”, o saco!.

- Tirem o capuz. Vamos!

O crespo do black-power está amassado. Ele, o _______, direciona a lanterna no rosto dos meninos. Que importa o cabelo? É a pele que apesar do cabelo, não é _____. A ____ volta à cinta. Por conta da cor, fazem diferença!. 

Lanterna no rosto, no tênis.  

- Não é comum o movimento por aqui a essas horas, não é mesmo?
- ...
- Têm ________?
- ...
- Onde?
- ...
- Deixa eu ver.
...

- Podem baixar.
...

- Da onde vocês são?
- ...
- São morador?
- ...
- Hmm!
- ...
- Qual endereço?
- ...
- Aguentem aí.

Na _______: rádio; prancheta, anotações. Um outro se aproxima.

- Estão a pé porquê?  
...

- O bairro anda perigoso, não acham?
...

- Pode acontecer algo, não é mesmo?
...

- Tomem. Podem ir. Mas vejam!, temos o nome de cada um de vocês.

Os meninos caminham com as costas expostas. Não olham. Mas os ________, por sorte?, entraram na _______ e partem. Os meninos podem apenas ouvir.  

- Mãe!, chegamos.
- Mãe!, estamos bem.

- Mãe!, estamos indo
- Levem o documento
- Não precisa
- Não saiam sem o documento

Eles, também!, sempre atrasados.

- Estamos indo, beijo! –, fechando a porta.

Ignição. Partida. Luz amarela.

“Merda!, não vai dar tempo ”.

- Abastece vinte, por favor, álcool.
- A chave?!

Descem.

- Reais.

Luz, vermelha - azul, azul - vermelha, vermelha - azul, azul – vermelha, na porta da conveniência.

“Merda! ”.

Eles estão de olho. Mas os meninos fingem não ver.

“Não vai dar tempo ”.

- Aí!, a chave!
- Oi?!
- Cartão?
- Dinheiro.

Eles não deixam de olhar. Os meninos agradecem e logo, partem.

- Esse carro que acabou de sair, quanto foi?

Menos uma das quatro pontes até o centro.

- Qual?
- O vermelho.
- Vinte.
- O que?
- Reais.
- São daqui?
- Não sei.
- Primeira vez?
- Não. Vêm sempre.

Estão no trânsito e, no mesmo local – em cima do canteiro entre vias –, lá estão, atentos!. Luz vermelha - azul, azul – vermelha, vermelha - azul, azul - vermelha, o celular vibra e toca, toca e vibra. Luz verde. Viva-voz.

- Pegaram o documento?
- Já, já ligamos.

Ligam mesmo!,

- Mãe!, chegamos.
- Mãe!, estamos bem.

Não se sabe, depois de qual esquina?, será o próximo ______________.

Um, dois, três, quatro cruzamentos. Direita, direita, direita, sem vaga, esquerda, param! Na porta de entrada, luz vermelha - azul, azul - vermelha, vermelha - azul, azul - vermelha.  

- Ei!, rapazes!, trabalham aí?
- Ãhan – o sim sai com a cabeça.
- Estão com o documento?
- Oi!?

Franze a testa.

- Que é isso aí?
- Somente textos.
- É?
- Sim.
- Que tipo de texto?
- Somente poesia.
- É? Deixa eu dar uma olhada.

Lê pouco.

“Na escuta? ”, na _______, no rádio.

- Tomem. Peguem.

Entrega.

- Estamos a caminho.

Notaram!?,

ÓDI (ÁRI) O, na televisão, com transmissão ao vivo, passam todos os dias!, as mesmas notícias! Não notaram? No mesmo horário. Não passa em qualquer restaurante! Já viram?.

- Vai, vai!, vai, encosta ali ó!, ali.

Um carro.

- Vai!, para.

Tem os dois vidros, lado direito, abertos. Dentro, três ocupantes. Um e mais dois adolescentes.

Atrás, no passageiro, o adolescente (um) carrega com força a ____, na barriga do motorista (que é ______), suando frio, pálido, segue os comandos do adolescente (dois), na frente, outro passageiro.

- Estão vendo isso? –, perguntam, no posto, com os olhos que as palavras não saem da boca com a vida assim tão perto. 

Pensam.

Merda!, merda!. Que é isso? Calma, calma. Mas, como? Não sejam heróis. Sim!, sejam. Não agora! Calma. Abre a porta, dê a partida, mantem o vidro aberto. Marquei a placa. Ótimo. Vamos atrás de ajuda. De quem? Não sei. Vamos fazer a volta no quarteirão. Merda! Cadê? Cadê o que? Os caras! Que caras? ... Merda! Pois é. Estão correndo, a vida em risco. Eles sabem. Pensa. Pensa. Pensa. Na real, no carro, todos são _______. Merda! Sim! Eles sabem. Eles nos viram? Não sei. Viram ou não? Não sei. Acho que sim. Merda! Liga!

- Alô! Precisamos de ajuda! Acabamos de ver uma parada. Que a gente faz?
- Pode dizer.
- Os meninos estão aí?
- Deixa eu ver.

Não estão.

- Puta, merda!
- Que é?
- Merda!, merda!, merda!
- Que é?!, porra!
- Seguinte ....
- Merda!, merda!, merda! 

Toda mãe pergunta, mas já sabe a resposta.

- O que está acontecendo!?, o que está acontecendo!? Anda! Fala!
- Os meninos.
- Ai!, meu Jesus!.

- Se tiver vacilo, fodeu. Eles já foram?
- Não sei. Pelo tempo, provável que sim.

Mais um jovem, morto

Mais um
Mais um
Mais um

Mais um pobre, morto

Mais um
Mais um
Mais um

Mais outro negro, morto

Mais um
Mais um
Mais um

Dava falta o pai. Tinha dias que a casa, vazia. Só a mãe, de uma força que, quem sente, sabe a dor.

Não constam os nomes no registro.

- Não consta nada, dona!

Minimizou a página, voltou com a tela do computador.

- Entendo o que são esses números!, ouviu bem? Nenhum de vocês consegue enganar uma mãe.

Não é possível que se engane quem sobreviveu a morte de seus homens. Um pai, um companheiro e agora!, seus filhos?, Não!.

- Não tenho medo de _______!.

Somente pela manhã vinha o sono. Nesse dia não foi muito longo. Entraram como aprenderam, sem aviso!, sem _______!, meteram o pé na porta.  

- P e r d e u , p e r d e u

Para a surpresa, a farda!, outra.

- E s p e r a ! , c a l m a !

- C a l m a u c a r a l h o ! N ã o t e m m a i s t e m p o

- C a l m a ! , c a l m a

- C a l m a u c a r a l h o !

- C a l m a , p o r r a ! E trate de tirar essa merda apontada na minha direção.  

- I h ! , q u a l é ! ?

- T e m u m j e i t o

- T e m p o r r a n e n h u m a !
                                                                                                
- T e m ! d á u m a o l h a d a !

- X a e u v ê e s s a m e r d a !

- V ê ! .

Não aguentam mais as portas fechadas. Em questão de ... estalos, vai estourar.  

Sacaram a do Estado de domínio das coisas.

- Porra!. Temos um inimigo em comum.
...

- anda!, imprime isso!.


Edu. Filho
2017
Éh! livro sim!

dudaxavierfilho.blogspot.com