ATENÇÃO.
Por motivos de registro NÃO DORMEM NO ESCURO veio parar no blog. Leiam sem moderação. Mas, sugiro a leitura do conteúdo em material impresso.
Atenciosamente.
Edu. Filho.
Os meninos
sempre foram os meninos antes de qualquer sala. Não obedecem a qualquer espaço.
- Atenção!
Todos aí?
...
- Vai
- Texto
- Texto
- É isso
mesmo?
- É.
- Não está
do jeito certo.
- O certo
nunca nos passou a bola.
- É?
- Texto!
NÃO DORMEM NO ESCURO
Nós quando
crianças – cada um com seus brinquedos, suas pelúcias e bonecos –,
- Vocês
não me mexam em nada, ouviram bem?!
Mas a
gente cresce e, ...
Pois bem,
Está
acontecendo
Em são
paulo são paulo são
paulo – TODA UMA VIDA –, apesar disso, não ser paulista
Não ser
para quem e, veja, não ser para aprovação de vocês
Ser
para!
o que!?...
meu deus!
que
quiserem,
que zona, que bagunça, que mimimi.
falem
mesmo
(falta texto),
- Resolve
isso
-
Continua, continua.
falam
Que as
palavras saltem da boca e reverberem.
- Não é
lindo?
Nem os
braços, nem as pernas
fora do
lugar
- Vocês
não têm medo?
Somente
quando
No berço,
- Buuuu!
LUZ!
- São uns
medrosos que só vendo. – dizia a Mãe!, nos proteja!, dos absurdos, deles!
Faltam
lembranças da mãe e os meninos no colo. Não encontram na memória fotografias.
Esse resgate, vocês atentem bem.
- Era eu descer
as escadas e eles começavam a chorar – sozinhos?. Era uma coisa! Eu cheia de
coisas para fazer.
- Nasceram
tudo sarará.
Dizia o vô
e ria dos meninos. Tranquilo, engraçado, como quem sabe o motivo de cada neto
vivo. E ele soube.
- Estão
lendo o que, meus netos?
- ...
Ele deixou
a sala de estar. Ele se postou à varanda fez suas preces e orações. Ele soube
até que ponto estaríamos seguros.
Foram
poucas as palavras com o velho. Com o pai? Deixa ver, alguns gestos. Ele, o
pai, movimentava as mãos com o cigarro, levava à boca, tirava e logo depois de
soltar a fumaça, sorria. Também com o copo, um gole seguido de outro gole e
novamente, outro sorriso. Tinha os dentes de um branco marfim.
Em sessenta
e quatro o pai entrou ____________ da _____. Tem notícias nos jornais. Foi com
a sabedoria que a mãe guardou. Foi com a mesma sabedoria que nunca entregou
seus filhos.
- Está com
________ aqui na rua, viram!?
Não tinham
se ligado que eram NEGROS até o dia em que a MÃE ligou.
Eles
viram.
Um carro
passou. Uma _______. E, que mal há nisso?,
dizem, que há de mais!?. É bom. É preciso. Essa?, parou.
- Todo
mundo pro chão!
...
- Tão
fazendo o que aqui?
- Só
estamos conversando.
- O que!?
- Só
estamos conversando.
- Não, não!.
Tá errado. É assim: só estamos conversando, ______!, vamos!, repitam.
- Só
estamos conversando, ______!.
Sem
questionar. Pois assim, quem sabe?, não lhes deixam logo em ___! Haja
paciência.
- Porra
nenhuma de conversando! Cadê a ______!?, Ein!?, cadê!?, cadê!?
No alto de
um prédio.
- Acorda,
acorda.
- Que é!?,
que é!?
- Olha
ali, ó!
Um Toyota
Hilux 2013 e quatro homens ________
de prontidão com as mãos nos __________.
- Merda!,
apaga a luz, apaga!
- Mas a
gente tem de fazer alguma coisa!
Fecham os
olhos, tapam os ouvidos.
- Quero
documento de todo mundo! Quero ver quem aqui é cidadão de bem! Acabou a
bagunça.
Identificação
e documentos –, antes fosse somente isso. No relógio eram dez da noite, uma
sexta-feira –, dez!. Assim que baixam as portas do comércio, tem fim o glamour
da via, qualquer movimento é suspeito.
“ a rua não é lugar pra vocês. ”.
E é?! Pra
quem?
Alguns
poucos trabalhadores ainda aguardam o ônibus não passa de cinco em cinco
minutos, passam carros – é morador.
E os
meninos de blusão, cor azul, de capuz da cor que é a mesma ..., que isso
importa?
- Sen___!
–, antes fosse prece, pedido a Deus –, portamos livros carregados em todo
lugar. Livros!. Somente livros. Não queremos confusão. Por favor!, não
confundam os livros com objetos ________, ou __________ pesados que colocam
_____ a vida, de uso exclusivo do ________. Nós nos queremos vivos!
Uma das
_____ volta para o ______ e um dos ________ se aproxima. Os outros mantem-se
prontos com as ________ apontadas em nossa direção.
- Segura –
ele diz e entrega um dos livros caído no chão.
- Seguro.
Não creio.
- Mão na
______ todo mundo.
Revista: bolso,
cintura, axilas, “ porra! ”, o saco!.
- Tirem o
capuz. Vamos!
O crespo
do black-power está amassado. Ele, o
_______, direciona a lanterna no rosto dos meninos. Que importa o cabelo? É a
pele que apesar do cabelo, não é _____. A ____ volta à cinta. Por conta da cor,
fazem diferença!.
Lanterna
no rosto, no tênis.
- Não é
comum o movimento por aqui a essas horas, não é mesmo?
- ...
- Têm
________?
- ...
- Onde?
- ...
- Deixa eu
ver.
...
- Podem
baixar.
...
- Da onde
vocês são?
- ...
- São
morador?
- ...
- Hmm!
- ...
- Qual
endereço?
- ...
- Aguentem
aí.
Na
_______: rádio; prancheta, anotações. Um outro se aproxima.
- Estão a
pé porquê?
...
- O bairro
anda perigoso, não acham?
...
- Pode
acontecer algo, não é mesmo?
...
- Tomem. Podem
ir. Mas vejam!, temos o nome de cada um de vocês.
Os meninos
caminham com as costas expostas. Não olham. Mas os ________, por sorte?, entraram
na _______ e partem. Os meninos podem apenas ouvir.
- Mãe!,
chegamos.
- Mãe!,
estamos bem.
- Mãe!, estamos
indo
- Levem o
documento
- Não
precisa
- Não
saiam sem o documento
Eles, também!, sempre atrasados.
- Estamos
indo, beijo! –, fechando a porta.
Ignição.
Partida. Luz amarela.
“Merda!,
não vai dar tempo ”.
- Abastece
vinte, por favor, álcool.
- A
chave?!
Descem.
- Reais.
Luz,
vermelha - azul, azul - vermelha, vermelha - azul, azul – vermelha, na porta da
conveniência.
“Merda! ”.
Eles estão
de olho. Mas os meninos fingem não ver.
“Não vai
dar tempo ”.
- Aí!, a
chave!
- Oi?!
- Cartão?
-
Dinheiro.
Eles não deixam
de olhar. Os meninos agradecem e logo, partem.
- Esse
carro que acabou de sair, quanto foi?
Menos uma
das quatro pontes até o centro.
- Qual?
- O
vermelho.
- Vinte.
- O que?
- Reais.
- São
daqui?
- Não sei.
- Primeira
vez?
- Não. Vêm
sempre.
Estão no
trânsito e, no mesmo local – em cima do canteiro entre vias –, lá estão,
atentos!. Luz vermelha - azul, azul – vermelha, vermelha - azul, azul -
vermelha, o celular vibra e toca, toca e vibra. Luz verde. Viva-voz.
- Pegaram
o documento?
- Já, já
ligamos.
Ligam
mesmo!,
- Mãe!,
chegamos.
- Mãe!,
estamos bem.
Não se
sabe, depois de qual esquina?, será o próximo ______________.
Um, dois,
três, quatro cruzamentos. Direita, direita, direita, sem vaga, esquerda, param!
Na porta de entrada, luz vermelha - azul, azul - vermelha, vermelha - azul,
azul - vermelha.
- Ei!,
rapazes!, trabalham aí?
- Ãhan – o
sim sai com a cabeça.
- Estão
com o documento?
- Oi!?
Franze a
testa.
- Que é
isso aí?
- Somente
textos.
- É?
- Sim.
- Que tipo
de texto?
- Somente
poesia.
- É? Deixa
eu dar uma olhada.
Lê pouco.
“Na
escuta? ”, na _______, no rádio.
- Tomem.
Peguem.
Entrega.
- Estamos
a caminho.
Notaram!?,
ÓDI (ÁRI) O,
na televisão, com transmissão ao vivo, passam todos os dias!, as mesmas
notícias! Não notaram? No mesmo horário. Não passa em qualquer restaurante! Já
viram?.
- Vai,
vai!, vai, encosta ali ó!, ali.
Um carro.
- Vai!,
para.
Tem os
dois vidros, lado direito, abertos. Dentro, três ocupantes. Um e mais dois
adolescentes.
Atrás, no
passageiro, o adolescente (um) carrega com força a ____, na barriga do
motorista (que é ______), suando frio, pálido, segue os comandos do adolescente
(dois), na frente, outro passageiro.
- Estão
vendo isso? –, perguntam, no posto, com os olhos que as palavras não saem da
boca com a vida assim tão perto.
Pensam.
Merda!,
merda!. Que é isso? Calma, calma. Mas, como? Não sejam heróis. Sim!, sejam. Não
agora! Calma. Abre a porta, dê a partida, mantem o vidro aberto. Marquei a
placa. Ótimo. Vamos atrás de ajuda. De quem? Não sei. Vamos fazer a volta no
quarteirão. Merda! Cadê? Cadê o que? Os caras! Que caras? ... Merda! Pois é. Estão
correndo, a vida em risco. Eles sabem. Pensa. Pensa. Pensa. Na real, no carro,
todos são _______. Merda! Sim! Eles sabem. Eles nos viram? Não sei. Viram ou
não? Não sei. Acho que sim. Merda! Liga!
- Alô!
Precisamos de ajuda! Acabamos de ver uma parada. Que a gente faz?
- Pode
dizer.
- Os
meninos estão aí?
- Deixa eu
ver.
Não estão.
- Puta,
merda!
- Que é?
- Merda!,
merda!, merda!
- Que é?!,
porra!
- Seguinte
....
- Merda!,
merda!, merda!
Toda mãe
pergunta, mas já sabe a resposta.
- O que
está acontecendo!?, o que está acontecendo!? Anda! Fala!
- Os
meninos.
- Ai!, meu
Jesus!.
- Se tiver
vacilo, fodeu. Eles já foram?
- Não sei.
Pelo tempo, provável que sim.
Mais um
jovem, morto
Mais um
Mais um
Mais um
Mais um
pobre, morto
Mais um
Mais um
Mais um
Mais outro
negro, morto
Mais um
Mais um
Mais um
Dava falta
o pai. Tinha dias que a casa, vazia. Só a mãe, de uma força que, quem sente,
sabe a dor.
Não constam os
nomes no registro.
- Não consta nada,
dona!
Minimizou a página,
voltou com a tela do computador.
- Entendo o que são
esses números!, ouviu bem? Nenhum de vocês consegue enganar uma mãe.
Não é possível que
se engane quem sobreviveu a morte de seus homens. Um pai, um companheiro e
agora!, seus filhos?, Não!.
- Não tenho medo de
_______!.
Somente
pela manhã vinha o sono. Nesse dia não foi muito longo. Entraram como aprenderam,
sem aviso!, sem _______!, meteram o pé na porta.
- P e r d
e u , p e r d e u
Para a
surpresa, a farda!, outra.
- E s p e
r a ! , c a l m a !
- C a l m
a u c a r a l h o ! N ã o t e m m a i s t e m p o
- C a l m
a ! , c a l m a
- C a l m
a u c a r a l h o !
- C a l m
a , p o r r a ! E trate de tirar essa merda apontada na minha direção.
- I h ! ,
q u a l é ! ?
- T e m u
m j e i t o
- T e m p
o r r a n e n h u m a !
- T e m !
d á u m a o l h a d a !
- X a e u
v ê e s s a m e r d a !
- V ê ! .
Não
aguentam mais as portas fechadas. Em questão de ... estalos, vai estourar.
Sacaram a
do Estado de domínio das coisas.
- Porra!. Temos
um inimigo em comum.
...
- anda!, imprime
isso!.
Edu. Filho
2017
Éh! livro sim!
dudaxavierfilho.blogspot.com