domingo, 29 de novembro de 2015

Madrugou com tanto papo bom

Ficou tarde
Dorme aí
Fiquei
Um charmoso studio sem divisórias entre cozinha, sala, quarto, só no banheiro, o único, cercado de blocos de vidro – transparente
Um colchão casal e almofadas
Deitamos vestidos com jeans pós-balada
Tudo bem se eu tirar?
Tiramos
Preciso de um banho
Fomos
Um de cada vez voltou com as roupas usadas carregadas frente ao corpo
Escovei o dente, tratei de secar o cabelo
Um único lençol repousou sobre nós
Nos tocávamos conforme o movimento para mais agradável posição
Todo ambiente tinha agora, nosso cheiro
Dormimos  
E quando amanheceu, dormimos mais
Levantamos e lanchamos café com leite, leite com nescau, pão com manteiga, queijo com goiabada
Desde então nunca mais estivemos sozinhos.

Podemos nos encontrar

Foi um domingo

Os quartos de um hotel próximo seriam abertos a partir das oito horas. Oito e dez deixamos a festinha do bairro. Sem suspeitas

Foi na mesma noite em que os pais dela saíram às pressas para o enterro de um tio-avô distante

Ela tirou a calça. Eu fui de boca, doido no cheiro de vagina

- Para, para, calma. Não quero desse jeito

Eu tirei a calça, meu pau duro

- Ei, eu disse, para!

Ela levantou e se vestiu

- Que foi?
- Quero ir embora

Eu fiz birra

- Então por que raios a gente veio?

Resmunguei os 5 minutos de uma hora paga

- Desculpa
- Esquece
- Boa noite
- Boa

Ela desceu do carro, correu chorando, tocou a campainha

- E aí, como foi? Conta, conta – Notou o choro. Se assustou – O que aconteceu?!

Seguiram conversando

Quando amanheceu, uma comichão, ela enviou mensagens pelo celular

“Oi? Tudo bem? Nossa, que chato aquilo da noite passada ”
“É, foi. Tudo bem. E você? ”
“Bem. Estive pensando, vou largar da aula mais cedo. Podemos nos encontrar. O que acha? ”
“Não sei. Melhor não ”
“Esquece aquilo. Ela já está bem ”
“Sei ”
“Verdade ”
“Que horas? ”
“Às oito? ”
“Ok. Não atrase ”.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O chaveiro da chave de minha casa

Ela não é disso.
Estava bem acordada. Respondia uma mensagem seguida da outra sem fazer longos intervalos de tempo.
Ela sempre fez longos intervalos de tempo entre visualizar e responder.
Eu nunca soube se isso seria um tipo de charme, algo para me irritar.
Bem, isso não me irrita mais.
“Não quero mais te ver ”.
Tá.
Eram duas horas da madrugada.
Ela dorme cedo. Ela manda mensagens de boa noite muito antes do meu sono acontecer.
Faz tempo que ela não diz boa noite.
Eu estava com sono.
“Devolve minhas músicas ”.
Foi um presente no nosso primeiro ano juntos, meu aniversário.
Adoramos as mesmas músicas.
Eu ouço no carro; ela tem toda a lista no celular.
É mídia digital. Não tem essa de devolver.
Me soou estranho.
Não lembro. Dormi.
O pendrive é o chaveiro da chave que abre a porta de minha casa. Levantei tarde para sair.
Estou morrendo de saudades dela.