Ele precisava, sabia que precisava. Caminhava, sabia que precisava. Precisava, sabia do que precisava. Do contato, ele precisava. Ter alguém, era o que ele precisava.
Eram dias secos. “Vem
chegando a primavera.” - foi noticiado, a previsão foi informada. Não via a hora, aguardava. Escureceu, dormiu, passou o
tempo. Tímidos raios de sol, tranquilos, do lado de fora, furavam as frestas da
sua janela. Já era dia.
Um clima visivelmente frio. Nublado,
cinzento de repente, claro. Oscilações climáticas conforme as nuvens em
movimento. O vento. Fraco, se não parado, para ele que
tinha os pés no chão térreo do quintal da casa. Forte quando se pôs a observar
as nuvens altas, movimentar. Atarefado. O tempo
passa e o relógio que trabalha indica ele sobre a hora, já é tarde. Fim de tarde.
Chuva. Chovia, chovia, chovia! Uma cachoeira
do quintal pela cozinha, em direção à rua, seguia. Ele continuava sua lição de
geografia, matemática e química. Na mesa folhas, folhas, folhas, rabiscos. Expressavam
informações que pingavam em seus ouvidos. Barulho d'água da chuva que corria. Divagou. A cabeça ergueu os olhos na janela,
ele, se aproximou. A forte corrente d’água um rio no quintal floresta. Uma
ideia. Dobra as folhas, faz
barquinhos, barquinhos e barquinhos, muitos barquinhos. Levantou, saiu. Capa de chuva, galocha na poça, um sorriso
e os barquinhos. Pelo rio de águas cheias sacolejando pelo caminho. No final a rua, o bueiro. Era
o fim? Não. Era o começo. Na água o papel se desfazendo
reciclava as ideias de papel molhado, moído, prensado, seco. Usado, papel velho,
gasto vira novo. Do novo de papel a sua arte.