Como em todo começo, estávamos juntos. Acontece que já apontava os fins
do verão daquele ano. Já corriam as primeiras semanas das jornadas de trabalho.
Já estávamos cansados.
Nesse dia, às cinco, nos encontramos depois de semanas em que você
esteve fora, de férias. Nos beijamos tanto. Logo tiramos os calçados e eu tirei
suas calças. Comecei a lamber. Lamber. Lamber. Chupar. Parei.
Pensei que deveria ser dito, não dissemos, precisamos conversar. Pois
quase nunca conversamos. Contudo ficamos mudos. Fingimos que não fosse nada.
Então, eu ali fiquei ao seu lado. Não mais te toquei. Você seguiu. Você me
segurou o pulso direito com a mão esquerda, me olhou enquanto se tocava como
que dizendo, nem pense sair daí. Fiquei apenas olhando. Você fez, com a mão
direita, tudo muito rápido.
- Quero um banho. Me dá uma toalha.
Levantei. Fui até o armário.
- Aqui.
Não tomamos banho juntos. Não nos falamos enquanto comíamos algo.
- Quero ir embora.
- Vamos.
Depois, a volta, é sempre horrível. A casa fica vazia. A cama fica para
arrumar. E nosso cheiro fica nos lençóis, nos travesseiros.
“ Chegou? ”
“ Acabei de chegar ”
“ Blz. Boa noite ”
“ Beijo ”
Já era noite. Mas não noite suficiente para meu sono. Eu nem mesmo
conseguiria me deitar.
Me enrolei no sofá. Fiquei um tempo. Segui vendo fotos pelo celular.
Levantei. Fui até o banheiro. Tirei a roupa. Voltei no quarto, enchi a mão com
creme. Sua imagem deitada na cama, aquela velocidade clamando pelo gozo. Gozei.
Depois eu me deitei. Depois eu dormi. Depois amanheceu.