- É como seguir reinventando o mundo.
- É? Como? Não vejo.
- Escrevo um pouco por vez.
- Alô.
- Quem é?
- Está bem. Beijo. Minha mãe. Disse que fez
parmegiana.
Eu quando acordo minha mãe já não está.
Se você gostar a casa é nossa. Ou podemos pensar outro
lugar. Um lugar para viver. Mais que um lugar para morar.
Podemos ter os nossos filhos.
Não moro mais na Santa. Mudei de Rua. Bem, você
sabe.
- É “ Apenas
mais uma de amor ”.
Foi o que acabou de tocar na rádio.
Essa você nunca mandou.
Mas é daquelas que canto repetidas vezes em algum
momento do dia. Lulu é um porre (o Lulu).
Você mandou da Gal e, meu deus, a Gal é mesmo maravilhosa.
Não me odeie.
É só mais um texto. Escrevo para ser escritor. Talvez
você pense que.
Mas não é para você. Até é. Literatura. Tem coisas
nossas também. Mas não é somente você.
Não me odeiem.
Não desejo isso de vocês.
Não creio que exista alguém que deseje.
Enquanto isso:
Na palestra de merda um.
Perdão. Não é pessoal com o palestrante.
Texto cento e vinte e, não importa.
É a maneira como faço anotações das falas.
Diz o palestrante que:
Há trabalho. Só depende do como a arte vai ser. Ela
fala o que? A indústria quer!
1 – Vender
E você – eu – nesse momento pareceu o olhar dele –
do palestrante – dirigido a mim, me dizendo – quer comprar uma bota preta tipo Chico
Bento; fazer mais uma tatuagem no braço esquerdo; até casar, você quer. Coisas
que estão em alta no seu tempo. Então, pense:
Funciona assim: a indústria quer:
2
– Qualquer coisa que venda.
Pensei:
Meus textos? Não. Não vendem. Não são para vender. São? A arte não é
isso.
Ele sentado em uma confortável poltrona de couro
preto. Ele com as pernas cruzadas.
Mesmo que seja um material sobre ou para:
1 – Envergonhar a elite com os absurdos que ela
reproduz sem fazer ideia das grandes bobagens que anda por aí dizendo, fazendo
ou escrevendo.
2 – Como?
Seu personagem deve / pode ser irônico. Ou ter um
diálogo duplo. Sendo o primeiro, a fala e, o pensamento, o segundo.
Exemplo:
“Bom dia [e], vai
se foder (em itálico). ”.
- Gosto. Vejo a forma. Legal. Mas não me interessa
a forma. Quero o conteúdo. Quero que me conte de você. Tem que trazer o
conteúdo para forma que é boa, mas, não é o que importa.
- Ela voltou.
- Que?
- Ela voltou e está na minha cabeça o tempo
inteiro.
- Eu sabia que era isso. Eu sabia.
Foi isso.
Um.
Encontro.
Deu uma bagunça.
Com.
Ela.
E eu.
Escrevo.
Maneiras de dizer.
Ficou confuso. Não sei o que vai ser.
Por hora, fim.
Do exercício quarto. Do vocacional de literatura. Poesia.
São Paulo. Centro.