quinta-feira, 24 de julho de 2014

Fim da farra?

Depois de pensar muito, ensaiar diálogos, abro a porta e vou direto com o dedo preparado, apontado. Droga. Toda vez sempre isso o cachorro latindo. Me entrega na saída, na entrada. Vou com o dedo no botão do vizinho. Não, não pense bobagens. “Ding Dong”. Ainda mais latidos. Puta merda cachorro chato. Mas fazer o que? Estou desesperado. Suando, aguardo. Deixei de lado a desculpa de pedir açúcar emprestado. Já tinha pedido na retrasada e arroz na semana passada.

- Oi boa noite tudo bem? Estou na varanda tomando uma cerveja o que acham de me acompanhar? Escolham o som, poço trocar. Topam?

Me entrego aos vizinhos que sempre julguei chatos. Vou de pedidos de açúcar que já tenho, arroz que até hoje não sei fazer e agora essa de convite para cerveja que nem sei se eles são de beber. Tudo porque depois das oito horas às ruas estão vigiadas, os bares e até as padarias estão trancafiadas. É toque de recolher em cima dos papos descompromissados. Não pode mais aglomeração de pessoas. Alguns lugares muito bem fiscalizados, restaurantes 10 pessoas lotação máxima e quando sair, entrar, ligar e rodar com carro será autuado, questionado, documentos variados para apresentar.

Por isso, os vizinhos. Pois está fechado aquele bar de meio de caminho quando reunimos os amigos. Tentamos nos reunir nos apartamentos, mas depois das dez horas, de carro, na rua, tem que ter vários documentos, já sabe, um saco. Apartamento. Sente soar? Apertado. Tentamos. Não funcionou. Seis horas da manhã todo mundo um único banheiro, todos atrasados.