“Não
creio. Além de serem só dois caixas, apenas um ocupado?”.
Isso mesmo, Zé.
Uma pequena e única agência para os
cinquenta prédios de um mesmo bairro.
Não apenas uma. Uma com dois caixas e
só um atendente. Isso em pleno dia cinco, dez, quinze ou o vinte.
“Engraçado não ser só, um, só, cinco
desempregados. É tanta gente à procura de emprego.”
E isso pensa o Zé, na fila, em pé.
Filas que consomem o tempo-almoço que,
de almoço mesmo, só cinco minutos, engolido.
“Como é que pode? Um bairro com tantos
prédios e um caixa? Em pleno dia cinco? Isso porque esse é o bairro do
trabalho. O meu mesmo nem agência tem.”
O Zé não era estatístico, mas, em pé,
na fila, arriscava; não era humanístico, mas com dor, as pernas cansadas, sabia
que aquilo não podia, não dava; não era ‘nutricionístico’,
porém, a marmita de arroz, batata e carne assada, não restaria tempo necessário
para o particular com a privada.