uma palavra inventada; um amor de
família.
No
quarto os primos travam um desinteressante diálogo. Cada um entretido a sua própria
vontade. Juntos apenas por resquícios da infância quando brincavam o dia todo e
as particularidades, os momentos privativos, existiam só na hora do banheiro.
Ele
percorria os olhos sobre as linhas de um livro forçando expressões para deixar
claro que seu interesse era unicamente a leitura. Manifestava-se por resmungos.
Ela soltando palavras e mais palavras, algo sobre um possível roteiro de viagem
para o Rio.
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Preciso pegar um voo pela manhã...
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Sinda.
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Estou ocupada com as roupas, menino.
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Tá bom.
Na
manhã seguinte, logo nos primeiros minutos de claridade, o telefone toca ininterruptamente.
Chega no mesmo instante a empregada carregada com pão, leite, saindo do
elevador, no hall de entrada. Ouvindo o desenfreado toque do aparelho busca na
bolsa por suas chaves em um esforço para abrir a porta a tempo de atende-lo.
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Alô.
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Sinda! Cadê o Eduardo?
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Mas isso é hora de ligar, menina? Ele deve estar dormindo.
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Dormindo? Como assim? Acorda ele, agora!
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Não acordo, não! Sabe que ele dorme até tarde.
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Ele disse me levar hoje cedo ao aeroporto. Estou de malas, na calçada, e
atrasada. Comentei com ele sobre a viagem ainda ontem. Ele disse: “Sim dá. ”.