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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

cenas cotidiana 5

Explodiram cedo com o caixa eletrônico da avenida principal, dispararam com o coração acelerado, cantaram os pneus do carro. Na mala vazia, malas cheias de dinheiro de um futuro, planos para gastar.
          O alarme pifou, não funcionou, nem precisou. A vizinhança despertou com o barulho da granada recheada do desejo de gritar. Seria outro avião que desabou? Mais uma figura políticas-públicas?
          As vigilâncias foram acionadas dos celulares carregados nas mãos assustadas atrás de janelas com persianas fechadas, olhos a espiar: um Kadett de vidros filmados, três delinquentes. Deletados.
          Seriam quinhentos metros até a fronteira que separa mundos sob o mesmo pátria amada Brasil, só cruzar que os champanhes estão prontos para estourar. Mas na curva final, não deu tempo, um muro desses de tantas outras histórias marcadas, bloqueadas, metralhadas que os meninos nem mesmo haviam ouvido contar. O carro todo amassado, ainda arriscaram no caminhar, mas no boletim foi escrito: três rapazes negro ou pobre, uma arma. A guerra é risco a vida, ninguém arrisca. Não cobre dos policiais. Foram fogos sem festa, rajadas na horizontal, para matar. A notícia no jornal É tarde demais.        

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

cenas cotidiana 4

Golpearam com o carro no poste o seguro que ainda não deu fé do rombo financeiro planejado para janeiro por clientes cansados de mais e mais pequenas palavras em paginas e paginas de clausulas contratuais. Simularam elaborados desastres, tiraram o sono dos jurídicos que falharam ao não notar a falha na página 15, item quatro, asterisco dois.
O estrondo das batidas já sempre corriqueiro da via morte cheia de carros, cada um a sua velocidade, sempre apressada, não deixe para amanhã o que é obrigado a fazer hoje, foi, desta vez, surpresa na seguradora golpeada que teve de anunciar corte de gastos a começar pelo Nespresso servido aos funcionários crentes em uma vida bela das janelas fechadas, de ar-condicionado ligado, tevê, portas trancadas e, por Deus, pela chuva que venha, não falte água.
           Ainda está lá, o carro abandonado pelos meninos que seguiram a pé acostumados na prática manjada pela polícia que já deu as caras. Os agentes de trânsito só mudaram de posição o veículo para não atrapalhar o trafego. Os militares ouviram poucas palavras de testemunhas que, tem coisas na vida que dos outros não dizemos nada, passa. Restaram aos pequenas-grandes-causas, papéis e mais papéis, processos e mais processos de um cotidiano mesmo que, quer saber, por conhecermos é mais fácil de lidar. Manda arquivar.   

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

cenas cotidiana 2.



João chega tarde, com fome. Resolve um lanche rápido evitando fazer barulho. Lê pela milésima vez de mais uma semana, mais uma terça, os escritos na caixa de cereal.

          “Mostre o Tigre que há em você.”

          Retorna o leite à geladeira, o cereal no armário, deixa na pia a tigela usada. Os sapatos retirados na entrada ficam por ali mesmo, próximo a porta. No banheiro urina, lava as mãos, o rosto, enxagua os dentes, fixa o olhar nele mesmo refletido no espelho. João se dirige ao quarto, abre a porta. O amarelo suave do abajur aceso, Ana acordada? De pernas abertas, acordada. Com o indicador úmido, Ana chama João para junto dela.
          João avança:

          - ggggRRRRR!
          - afe, João. Não, espera. Para.
         
          Secou tudo.
         
          - Quer saber, João, nem deita ai.
         

          Ainda com fome João foi dormir no sofá. 

cenas cotidiana 1.

A última impressão também é a que fica.
Você não pretende voltar, ligar nunca mais, vai deixa-la. A dica é sair com estilo. Será sempre bem lembrado e entre as amigas dela, comentado. Observe.


Ajoelhado frente a cama apoio a mão sobre seu rosto, o polegar acaricia sua sobrancelha.
         
          - Moça. Estou indo.
          - Puta que pariu! Que susto. Não foi ainda, menino?


          Ela virou e voltou a dormir. 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

cenas cotidiana

Raramente fica a tampa do fogão mais que meio dia deitada. Aqui a cozinha não para. Sempre tem pó aguardando a água quente. E a pia que mal seca já tem louça para ser lavada. Aqui a cozinha não para, me recebe o tempo inteiro.
           
Mala

Parto o pão e corro doido atrás do recheio. Ele se esconde, eu não encontro.

- Mããããe!
- Que foi?
- Não tem recheio.

- Oxe! São três da manhã, menino. Vai dormir que amanhã acordo cedo.