João
chega tarde, com fome. Resolve um lanche rápido evitando fazer barulho. Lê pela
milésima vez de mais uma semana, mais uma terça, os escritos na caixa de cereal.
“Mostre o Tigre que há em você.”
Retorna o leite à geladeira, o cereal
no armário, deixa na pia a tigela usada. Os sapatos retirados na entrada ficam
por ali mesmo, próximo a porta. No banheiro urina, lava as mãos, o rosto,
enxagua os dentes, fixa o olhar nele mesmo refletido no espelho. João se dirige
ao quarto, abre a porta. O amarelo suave do abajur aceso, Ana acordada? De
pernas abertas, acordada. Com o indicador úmido, Ana chama João para junto
dela.
João avança:
-
ggggRRRRR!
- afe, João. Não, espera. Para.
Secou tudo.
- Quer saber, João, nem deita ai.
Ainda com fome João foi dormir no
sofá.