segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

cenas cotidiana 5

Explodiram cedo com o caixa eletrônico da avenida principal, dispararam com o coração acelerado, cantaram os pneus do carro. Na mala vazia, malas cheias de dinheiro de um futuro, planos para gastar.
          O alarme pifou, não funcionou, nem precisou. A vizinhança despertou com o barulho da granada recheada do desejo de gritar. Seria outro avião que desabou? Mais uma figura políticas-públicas?
          As vigilâncias foram acionadas dos celulares carregados nas mãos assustadas atrás de janelas com persianas fechadas, olhos a espiar: um Kadett de vidros filmados, três delinquentes. Deletados.
          Seriam quinhentos metros até a fronteira que separa mundos sob o mesmo pátria amada Brasil, só cruzar que os champanhes estão prontos para estourar. Mas na curva final, não deu tempo, um muro desses de tantas outras histórias marcadas, bloqueadas, metralhadas que os meninos nem mesmo haviam ouvido contar. O carro todo amassado, ainda arriscaram no caminhar, mas no boletim foi escrito: três rapazes negro ou pobre, uma arma. A guerra é risco a vida, ninguém arrisca. Não cobre dos policiais. Foram fogos sem festa, rajadas na horizontal, para matar. A notícia no jornal É tarde demais.