Explodiram
cedo com o caixa eletrônico da avenida principal, dispararam com o coração
acelerado, cantaram os pneus do carro. Na mala vazia, malas cheias de dinheiro
de um futuro, planos para gastar.
O alarme pifou, não funcionou, nem
precisou. A vizinhança despertou com o barulho da granada recheada do desejo de
gritar. Seria outro avião que desabou? Mais uma figura políticas-públicas?
As vigilâncias foram acionadas dos
celulares carregados nas mãos assustadas atrás de janelas com persianas
fechadas, olhos a espiar: um Kadett de vidros filmados, três delinquentes. Deletados.
Seriam quinhentos metros até a
fronteira que separa mundos sob o mesmo pátria
amada Brasil, só cruzar que os champanhes estão prontos para estourar. Mas na
curva final, não deu tempo, um muro desses de tantas outras histórias marcadas,
bloqueadas, metralhadas que os meninos nem mesmo haviam ouvido contar. O carro
todo amassado, ainda arriscaram no caminhar, mas no boletim foi escrito: três
rapazes negro ou pobre, uma arma. A guerra é risco a vida, ninguém arrisca. Não
cobre dos policiais. Foram fogos sem festa, rajadas na horizontal, para matar. A
notícia no jornal É tarde demais.