Pois não
é possível, sempre às cinco, depois disso fico atrasado, o céu ainda escuro, a
iluminação só a das maquinas.
Os carros
parecem sair, todos juntos, no mesmo horário.
Um
vermelho intenso, na minha frente, cobre todas as faixas menos uma, a do ônibus
lotado.
São anos
do percurso periferia-centro-centro-periferia para buscar o dinheiro amassado
dos diabos que paga o pão dos deuses.
Dê
graças.
Pois há
de ter o que comer quando o dia já se foi, nem vi.
Será que
esqueço?
As luzes
já estão acessas quando chego em casa.
Com sorte
tomo um banho quente antes do noticiário.
- Boa
noite.
Sempre
educados.
No
sofá-cama-brinquedo-estante-mesa dou um cochilo embalado pelas falas
programadas de novela, outra, parecida com a mesma da série passada.
Onze e
meia e isso já é madrugada. Acredite. Pois, aqui, passa o tempo que nem bala.
- Sai da
janela, filho. Vai que é tiro.
As
crianças sempre brincando. Esquecem do perigo? Nada.
Meia
noite e meia enfim, estão dormindo.
O corpo
horizonte agradece o membro em pico, aguenta o outro, a companheira, sobe e
desce, verticalizado.
A cama é forte,
mas dá estalos. E tem problema?
Tem, de
ser rápido.
Um beijo,
até logo. Mas amanhã.
Amanhã vai ser outro dia.