quarta-feira, 22 de abril de 2015

Amanhã vai ... amanhã, sim, tem de ser outro dia

Pois não é possível, sempre às cinco, depois disso fico atrasado, o céu ainda escuro, a iluminação só a das maquinas.  
Os carros parecem sair, todos juntos, no mesmo horário.
Um vermelho intenso, na minha frente, cobre todas as faixas menos uma, a do ônibus lotado.
São anos do percurso periferia-centro-centro-periferia para buscar o dinheiro amassado dos diabos que paga o pão dos deuses.
Dê graças.
Pois há de ter o que comer quando o dia já se foi, nem vi.
Será que esqueço?
As luzes já estão acessas quando chego em casa.
Com sorte tomo um banho quente antes do noticiário.
- Boa noite.
Sempre educados.
No sofá-cama-brinquedo-estante-mesa dou um cochilo embalado pelas falas programadas de novela, outra, parecida com a mesma da série passada.
Onze e meia e isso já é madrugada. Acredite. Pois, aqui, passa o tempo que nem bala.
- Sai da janela, filho. Vai que é tiro.
As crianças sempre brincando. Esquecem do perigo? Nada.
Meia noite e meia enfim, estão dormindo.
O corpo horizonte agradece o membro em pico, aguenta o outro, a companheira, sobe e desce, verticalizado.
A cama é forte, mas dá estalos. E tem problema?
Tem, de ser rápido.
Um beijo, até logo. Mas amanhã.
Amanhã vai ser outro dia.