sexta-feira, 5 de agosto de 2016

O quase suicídio do quase escritor

Ou. Do caminho literário.


Agradecido, vou despedindo-me.

Minha atuação literária, meu projeto de escrita, meu esforço (obrigado, mãe) para tornar-me escritor, não andam bem.

Peço aos que alcançaram tamanho prestigio, aos que escrevem e, assim, publicam, cuidem de mim, seu leitor.

Por favor.

Pronto.

É.

Acabou.

Não tem suicídio.

Leitor.

Perdão.

Será leitor.

É tamanho o amor por essa personagem. Não sei escrever, não consigo criar sobre ela momentos de agonia ou dor.

Leitor. Será sua chance no mundo. Seu caminho.

Ler.

Ler.

Ler.

O que houver de escrito. E assim, quem sabe?

(Sussurro).

Os últimos serão os primeiros ” – que?

Tem alguém aí?

(Silêncio).

Ok.

Ler.

Ler.

Ler.

E ler.

Sem fim.

- Sem fim?

- É o jeito.

- Chato.

Ou.

- Quem sabe? Talvez, depois de ler, ler, ler, ler passo a escrever? É isso!

Que acha?

Bom?

Não?

Deve haver alguém aí.

Me desculpe.

Voltando.

Pois.

Será o leitor um valor dentro dos valores gerais estabelecidos da organização social?

Afinal.

Nada vale à produção sem a existência de consumidores.

Essa lógica é do capital?

Enfim.

Vocês escrevem com objetivos.

Para quem?

Eu aceito.

É isso.

É isso, sim.

Então finalmente firmamos um acordo.

Pode ser?