quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Paciente

Pediu para entrar sozinho.

“Doutor, eu não quero desistir ”.
“Ótimo. Não queira mesmo ”.
“Mas você disse ... ”.
“É eu disse. Pois sei do que acontece em seu corpo. Mas o senhor não precisa desistir ”.

Um aperto no coração.

“Estou com medo ”.
“Entendo. Se sente mal? ”.
“Sim ”.
“Normal ”.

O doutor levanta, ajeita o divã clínico.

“Venha. Sente aqui ”.

Verifica a pressão e os batimentos cardíacos do paciente.

“Deixe-me ver sua mão ”.

Observa.

“Do outro lado também ”.

Segura.
Solta.

“Se sente melhor? ”.
“Sim ”.

Passam dois dias e o paciente volta ao hospital. Muitas dores. É internado. Sedado. Os familiares aguardam. O paciente reage. Pode abrir os olhos. Todos estão presentes. O paciente agradece. Nesse mesmo dia, no findar da noite, despede-se.