quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Foi deitar fora do horário.   
Teve pouco dos sonhos todos que gostaria de ter.
7 horas e 30 minutos.  
Já era claro o barulho dos carros.  
No aparelho de celular correu a linha do tempo das redes sociais. Nenhuma chamada ou notificação. Nenhum evento possível.
Programou mais dez minutos no despertador.   
Mais dez.
Mais dez.
No espelho a face inchada, o cabelo amassado e uma marca de zíper do travesseiro na bochecha esquerda.
Preparou um café novo para não beber do dia passado, deixado na pedra de mármore.
Não recebeu nenhuma resposta sobre as velhas promessas e também não soube escrever um novo e-mail.
Não tinha pão, leite e água, só da torneira. Pensa em comprar um filtro de barro.
Continua comprando água engarrafada.
Teve bolacha.
Adiantou a escrita do diário de observação do bairro, da padaria, da rua, do mercado. Sem ao menos sair para ver.
17 horas e 15 minutos.
Pensou um encontro.     
Mandou mensagem.   

“Boa tarde”.

Mais nada.

“Boa noite”.

Mais nada.

“Bom dia”.

Passou catchup mostarda na bolacha água e sal.
Fez café outra vez.
Nenhum e-mail, pouco dinheiro.

Escreveu no diário o mesmo, parecido a semana passada.