sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Estou chegando

          É, ainda não chegou. E como poderia chegar? Ele exibe o mapa que carrega em suas mãos. Rotas de 30, mofado. Está como ... veja, todo amassado.
          É de imaginar que já tenha voado da janela de carros e se empoeirado em asfaltos, que tenha sido esquecido por tempos na prateleira próxima ao sofá, e depois de tanto, separado para lixeira – acumulados que não queremos mais – dos recicláveis.
          Ele disse ter feito perguntas. Mas as respostas chegavam apenas em informações diagramadas no formato manual. Logo deram a ele um mapa, o mapa, este mapa, você está aqui, vá até ali, e nada mais que um simples, vai logo, rapaz.
          Encontrei-o, com o mapa, nas ruas e avenidas. Pelo seu olhar cansado, já caminhava por tempos de um e de outro lado. Tento ajudar. Sua corrida passa os olhos no relógio de caminho sempre certo, não para. Cobra seu tempo no tempo, e claro, seu tempo, não vence. Diz que fervilham seus pensamentos. Está atordoado. E como não estaria? A cidade 24 horas suas necessidades sempre atendidas, não gosta de esperar. Ele atende o celular.

          - Tô chegando!