terça-feira, 17 de junho de 2014

Zé-ístico

“Não creio. Além de serem só dois caixas, apenas um ocupado?”.

          Isso mesmo, Zé.
          Uma pequena e única agência para os cinquenta prédios de um mesmo bairro.
          Não apenas uma. Uma com dois caixas e só um atendente. Isso em pleno dia cinco, dez, quinze ou o vinte.

          “Engraçado não ser só, um, só, cinco desempregados. É tanta gente à procura de emprego.”
         
          E isso pensa o Zé, na fila, em pé.
          Filas que consomem o tempo-almoço que, de almoço mesmo, só cinco minutos, engolido.
          
          “Como é que pode? Um bairro com tantos prédios e um caixa? Em pleno dia cinco? Isso porque esse é o bairro do trabalho. O meu mesmo nem agência tem.”


          O Zé não era estatístico, mas, em pé, na fila, arriscava; não era humanístico, mas com dor, as pernas cansadas, sabia que aquilo não podia, não dava; não era ‘nutricionístico’, porém, a marmita de arroz, batata e carne assada, não restaria tempo necessário para o particular com a privada.