domingo, 6 de outubro de 2013

Papel e chuva, chuva e papel.

            Eram dias secos.
            “Vem chegando a primavera.” - foi noticiado, a previsão foi informada. Não via a hora, aguardava.
            Escureceu, dormiu, passou o tempo. Tímidos raios de sol, tranquilos, do lado de fora, furavam as frestas da sua janela. Já era dia.
            Um clima visivelmente frio. Nublado, cinzento de repente, claro. Oscilações climáticas conforme as nuvens em movimento. O vento.
            Fraco, se não parado, para ele que tinha os pés no chão térreo do quintal da casa. Forte quando se pôs a observar as nuvens altas, movimentar.
            Atarefado. O tempo passa e o relógio que trabalha indica ele sobre a hora, já é tarde. Fim de tarde. Chuva.

            Chovia, chovia, chovia! Uma cachoeira do quintal pela cozinha, em direção à rua, seguia.
            Ele continuava sua lição de geografia, matemática e química. Na mesa folhas, folhas, folhas, rabiscos. Expressavam informações que pingavam em seus ouvidos. Barulho d'água da chuva que corria. Divagou.

            A cabeça ergueu os olhos na janela, ele, se aproximou. A forte corrente d’água um rio no quintal floresta. Uma ideia.
            Dobra as folhas, faz barquinhos, barquinhos e barquinhos, muitos barquinhos. Levantou, saiu.

            Capa de chuva, galocha na poça, um sorriso e os barquinhos. Pelo rio de águas cheias sacolejando pelo caminho.
            No final a rua, o bueiro. Era o fim? Não. Era o começo.
            Na água o papel se desfazendo reciclava as ideias de papel molhado, moído, prensado, seco. Usado, papel velho, gasto vira novo. Do novo de papel a sua arte.