mas obrigado do convite

esse é um trecho de um novo texto — é preciso afirmar que seja um texto e não somente palavras da boca para fora. todas as falas têm seu motivo — que é parte do próximo livro. um novo livro dos recados. em breve 

por hora, obrigado do convite  

será preciso dinheiro para uma água e ou refrigerante, num bom dia, um dia bom, poder tomar uma cerveja, será preciso dinheiro para fumar um cigarro

tem um cigarro 

oi

cigarro

ah sim

— pro cigarro não será preciso 

e assim será possível uma mesa. faz o favor de me trazer depressa. sem problemas. eu espero. e assim você pode então ficar calado. porque tem vezes que o que se quer é justamente estar somente assistindo e ir embora, no fim 

tudo isso no centro, claro 

você senta e um piano encostado da inicio ao desafino de notas. alguém lê versos melodiosos. escorre o espetáculo soturno. você ri. aquela encenação não é a mesma que a sua. são lugares outros estar num cemitério e estar sorrindo

mas você, procure não pensar muito nisso — conversa consigo mesmo 

afinal de contas você pôde rir. você esta podendo se divertir. que bom por isso. o que importa. há um lugar onde você e aqueles que se apresentam podem concordar: diz um luminoso no palco, foda-se  

mas de qualquer forma obrigado do convite

*

por que não sei o que faço com isso 

12 p.m ao som do molejão acorda criançada tá na hora da gente brincar 

como é bom 

como é 

estão atirando nas crianças

o que

estão atirando nas crianças 

como assim 

tiro. sabe tiro

sim. quer dizer acho que sim. não lembro. talvez em filme 

então. estão atirando nas crianças 

você está louco 

eu não. eles. estão atirando nas crianças 

não é possível

ei ei você está me ouvindo estão atirando nas crianças 

calma calma calma tem coisa errada aí 

mas é lógico que tem estão atirando nas crianças 

você consegue repetir isso

estão meu deus 

o que o que 

não dá mais 

o que me deixa ver. já foram já foram 

e as crianças 

não sei 

caramba sai daí pra eu ver 

e então 

ali ali estão todas ali meu deus

e agora que foi

estão chorando assustadas mas parecem bem 

que susto 

vão sobreviver 

sos br estão atirando nas crianças 

LIVRO 3

– até que se aceite o primeiro então, quem sabe um dia ser o livro quatro 

TEXTO 10

acanhado seria o primeiro movimento até entender: o espaço é meu.!

- me movo,

estranho. esse interesse em ver se ver ser ei, oi, você, está falando comigo

é corajoso, de fato, dispor essas voltas 

- sei que estás me vendo,

leitor, não te esqueço. é para você me ver que escrevo: nos reconhecermos  

- me conta, que viram

- me viro, viro, viro e desejo um salto.!

alto

ps. aprender cair 

e rastejar, rasteja, até você

- ei.! estou falando com você 

- ... – tu te acanhas 

- sim você.! me deixa e eu vou mesmo. pode ser?

mesmo que tudo aconteça no silêncio. esse nosso silêncio. que aconteça

deixe-me ir e depois, me chame

- volta – mesmo que apenas com os olhos, somente, tudo bem 

melhor.  

“ que mesmo que desse certo, daria errado ” – P.C 

TEXTO 8 

várias personagens 

- depois dos vinte e cinco, quem não tem uma história? 

- tenho trinta cabelos brancos 

oi

então, não li mais

parei 

não vou poder ajudar dessa vez  

espero que esteja bem 

– foi o fim.

o oito escreve e faz livros pensando poder transar depois – transar não deve significar ausência de amor mas o filho foi a escrita mais linda, lida, documentada. daí esse combustível em falta, por encher, uma porta fechada, mas o desejo: 

- ainda tem pulso

respira

que as paixões influem fazer história, transando antes durante e depois  

!. fumar causa impotência sexual – acende outro cigarro – e sem dúvida alguma, queda de pressão 

o tempo vigia essa ausência, te vê sentado nessa cadeira - é a primeira coisa feita em casa, acender um cigarro, outro 

há sim.! dias solitários, mesmo quando vem gente

!. que advirta algum ministério: alguns atos deveriam todos serem compartilhados (por hora consta com apenas um copo para o whisky) 

a vontade que deixou de ser simples é um complexo monstruoso vendo secar as plantas é preciso ignorar o memorando da plasticidade e atentar a necessidade: deixar o sofá para mais tarde. 

ainda em pé, 

- fiz bolo

- não quero falar disso – talvez seja possível falar de um outro assunto 

- coloquei maçã ao invés das bananas 

falamos da ausência sem dizer uma única palavra, 

que seja.